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Minas Brasília reduz salários de funcionários pela metade

  • Foto do escritor: Pedro Marra
    Pedro Marra
  • 14 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura

Presidente Nayeri diz que prioridade são as atletas. Os demais fizeram acordo com a diretoria pelo corte de gastos.

 

Diante da crise gerada pelo novo coronavírus, o Minas Brasília, 10º colocado na Série A1 do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino, teve de reduzir pela metade o salário de alguns setores do clube como o administrativo, assessoria de imprensa e recursos humanos (RH). Mas as jogadoras não sofreram, economicamente falando, pois ainda recebem o salário integral.


Vale lembrar que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) doou R$ 120 mil para os 16 clubes do campeonato nacional feminino e R$ 50 mil para os 36 times da Série A2. A maior entidade do futebol nacional alega que o apoio financeiro serve para que os times possam “cumprir seus compromissos com jogadores e jogadoras”.


Segundo a presidente do Minas Brasília, Nayeri Albuquerque, o clube pagou o salário completo de todos os funcionários até março. Em abril, com a suspensão das atividades esportivas por parte do Governo do DF (GDF), houve diminuição salarial para alguns funcionários. “A gente conseguiu pagar alguns acima de 50%, e outros departamentos, 50%. Todos, de alguma forma, conseguimos ajudar neste mês para que pudessem ter pelo menos um suporte emergencial. A gente está se doando o máximo possível. Até então, as atletas estão com os contratos 100% vigentes. Mas, a partir do próximo mês, vamos ter que tomar algumas providências caso não volte [o futebol], para a gente tentar ajudar a todos. Mas graças a Deus a gente está conseguindo sustentar isso, ao contrário de grandes clubes que abaixam salário para 25%", analisa.


A dirigente acrescenta que pesou a suspensão temporária de três contratos com patrocinadores. “Perdemos muitas contas de patrocinadores pontuais, o que afeta diretamente a nossa comissão técnica. Mas o primeiro mês que baixamos porcentagem foi esse. A gente entrou em um acordo individual para que não pudéssemos rescindir o contrato com eles e fizemos a redução. Ainda estamos com boas esperanças para que tudo volte ao normal", relata.


“Prioridade são as atletas”


Nayeri acredita que o momento é de ficar em casa e cuidar da saúde de suas atletas. “Nossa prioridade são nossas atletas. As dificuldades estão aparecendo por conta dessa pandemia. A gente está acompanhando todas as reuniões da CBF, e estamos o tempo todo juntamente com a Federação tentando achar soluções, mas sabemos também que precisamos respeitar todas as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e decisões do governador. Nosso retorno vai ser quando tudo estiver liberado, e quando tivermos certeza de que tudo vai dar certo. Porque a gente está muito preocupado em relação a saúde das atletas. O nosso projeto sempre foi lutador e vencedor. A gente não coloca a receita em primeiro plano”, declara.


No Minas desde o dia 3 de março, o treinador da equipe, Rodrigo Campos, foi um dos funcionários que sofreu redução salarial, mas entende a decisão da diretoria. "Estamos vivenciando um momento complicado e único. Considero uma decisão acertada, para que o clube possa cumprir com suas obrigações. O mais importante no futebol é ter clareza nas informações, e isso o clube faz da melhor forma. Compreendemos que o cenário atual nos trouxe até essas decisões. É normal que ajustes aconteçam, não só aqui, mas em todos os clubes", avalia.


De acordo com o técnico, o departamento de futebol criou um planejamento para acompanhar as atletas diariamente. "O meu papel principal tem sido criar conteúdos teóricos em conjunto com a comissão técnica, para desenvolver nossas ideias de jogo, e nesse momento tenho realizado conversas individuais com as atletas, para termos um contato um pouco maior, já que de forma presencial não é possível. O nosso cuidado não tem sido apenas com os aspectos físicos, que são extremamente importantes para o desenvolvimento desportivo, mas também estamos preocupados em não deixar de lado os aspectos técnicos, táticos e psicológicos", esclarece.


Rodrigo diz que tem acompanhado e respeitado as decisões dos especialistas em saúde em relação ao isolamento social. "Estou ansioso pelo retorno. Sou muito feliz nessa profissão e gosto de estar todos os dias no campo. Mas consigo entender e aceitar que ainda não é possível. O mais importante é que no nosso retorno possamos ter um ambiente seguro para todos", finaliza.


As jogadoras fazem contato semanal com a comissão técnica por videoconferência. Foto: arquivo pessoal.



“Se for necessário, concordo em reduzir”


Há oito anos no Minas, a lateral-esquerda Jéssica Soares, 29 anos, reconhece a situação de saúde pública delicada, e até aceitaria ter redução salarial. “É difícil porque dependemos desse salário, é o nosso sustento. Mas entendo a realidade que estamos vivendo, a dificuldade que as pessoas estão passando e isso não isenta o clube, sabemos o que as presidentes fazem diariamente para manter nossos salários. Não atrasam nunca nosso salário. Então, sim, se necessário for, concordo em reduzir”, diz.


Lateral-esquerda Jessiquinha treina em casa. Foto: arquivo pessoal

Com seis treinos caseiros por semana, a comissão técnica instrui as jogadoras durante uma live. "Temos um cronograma a seguir, nossos treinos são bem pesados, fazendo com que a gente mantenha a forma física, apesar de não ser a mesma coisa de estar ali no campo como de costume, nos mantém bem fisicamente. O mais legal é que conseguimos nos encontrar durante as lives, ver todo mundo e matar um pouco da saudade. Assim, uma vai estimulando a outra, e vamos nos ajudando”, relata Jessiquinha, como é conhecida no elenco.


A goleira Thalya Nobre, de 22 anos, acompanha o pensamento da colega de time quando perguntada sobre o corte de gastos. “Graças a Deus Nayeri e Nayara tem conseguido manter o time. Sabemos que a redução de patrocínio tem reduzido, mas também que recebemos um auxílio da CBF, e isso ajudou muito para poder nos manter certinho. Mas se chegasse ao extremo, eu aceitaria, porque sabemos do cenário”, opina.


Em relação à volta das atividades esportivas, a arqueira do Minas prefere retornar ao trabalho com segurança total. “Eu concordo com o isolamento porque sabemos do risco. A qualquer momento podemos pegar [o novo coronavírus], mesmo com todos os cuidados. Precisamos fazer deslocamentos para campos, trocas de uniformes, etc. Acho que a saúde vem em primeiro lugar. A vontade de treinar é gigante, mas sei também que se eu não estiver bem, não irá adiantar de nada. E o risco de contaminação do time todo se voltasse agora seria grande. Precisamos ter paciência e ir de acordo com o ministério da Saúde e voltarmos no tempo certo", declara.


Thalya Nobre, goleira do Minas Brasília. Foto: arquivo pessoal.

Nos treinamentos, Thalya tem dado uma atenção redobrada nessa quarentena. "Gosto muito de treinar, então sempre procuro fazer algo a mais do que é me passado pelo meu treinador. Treinamos seis vezes na semana, e geralmente tiro dois dias para fazer dois períodos. Corro de manhã e faço o treino passado a tarde. Treino com o que tenho mesmo e no meu quintal. Quando saio para correr, vou de máscara. E em lugar com nenhuma aglomeração", expõe.


“Todos os departamentos da comissão técnicas tiveram a diminuição de salário. Só que alguns tiveram a porcentagem maior de recebimento porque teve trabalho maior. O treinador, auxiliar técnicas e preparador físico, por exemplo. Porque nesse momento agora, a preparação física e os acompanhamentos é o mais importante. Mas outros setores como o departamento do RH, administrativo, marketing, nosso assessor de imprensa”, conta.



Ação contra a covid-19


No próximo sábado, o Minas fará uma ação social de combate ao novo coronavírus. A partir de 14h, três funcionários da comunicação vão distribuir 200 máscaras pelas principais avenidas de Ceilândia, cidade mais populosa do Distrito Federal, com mais de 500 mil habitantes. Motoristas serão abordados para receber máscara de proteção e folders informativos sobre os cuidados com a covid-19. A iniciativa tem o objetivo difundir o conhecimento a respeito da prevenção no combate ao novo coronavírus, e tem apoio da LJL uniformes e do Banco de Brasília (BRB).



Três funcionários do Minas Brasília vão distribuir folders e máscaras nas ruas de Ceilândia no próximo sábado. Arte: divulgação/Minas Brasília.


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