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"Cada um assuma as consequências dos seus atos"

  • Petronilo Oliveira
  • 15 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura
Entrevista com Lucas Drubscky, diretor-executivo do Sport

Dívida de aproximadamente R$ 6 milhões com o Sporting (de Portugal), que acionou a Fifa; salários atrasados; atleta entrando na Justiça para deixar o clube; possível adeus de Hernane Brocador; como fazer para contornar todas essas questões e ainda manter o clube na Série A deste ano. Esses foram alguns dos assuntos da entrevista do Entrelinhas com o diretor-executivo do Sport Club do Recife, Lucas Drubscky. Ele tem essa função no clube desde janeiro de 2019, quando Klauss Câmara deixou a diretoria do clube pernambucano e resolveu ir para o gaúcho Grêmio.

Entrelinhas: O Sport está de volta à Série A do Brasileiro. Qual é o pensamento da direção sobre o protagonismo do clube na competição?

Lucas Drubscky: Desde o ano passado, quando a nova direção assumiu, depois de várias gestões que deixaram o clube com dívidas muito ruins, sempre fizemos um trabalho de muita união e transparência com os jogadores. Por isso, conseguimos o acesso. Dessa maneira, começamos 2020 com a mesma ideia, pois a situação financeira não é fácil. Veio essa pandemia e praticamente acabou com o planejamento inicial. Estamos com várias ideias, pois não sabemos como nem quando voltará a ter futebol.

Entrelinhas: Juntando esse problema financeiro, vem o caso André, que o Sport não pagou o Sporting (de Portugal) e tem um prazo para quitar os aproximadamente R$ 6 milhões. Caso não pague, não pode registrar jogador e ainda corre o risco perder pontos em competições. Como isso está sendo resolvido?

Lucas Drubscky: Pois é. É uma situação complicada que o departamento jurídico está acompanhando. O caso André, eu diria que não é nem a prioridade número 1, é a prioridade número zero, pois pode acarretar maiores problemas até mesmo em anos seguintes. O Milton (Bivar, presidente do clube) está tentando de todas as formas esse dinheiro, com transações bancárias. Pode ser que o Sport pague a qualquer momento, inclusive agora que estamos falando ao telefone.


André jogou pelo Sport em 2015, e nas temporadas de 2017 e 2018 - Foto: Anderson Stevens/Sport

Entrelinhas: O volante Jean Patrick deu entrevistas dizendo que entrou na Justiça pedindo a rescisão contratual e fez uma série de acusações. Como vocês estão lidando com esse caso?

Lucas Drubscky: Te garanto que pelo menos 99% do elenco é sério, transparente, atuou com muita garra, mesmo com atrasos no ano passado, porque eu sempre fui transparente. Enquanto estiver aqui, vou sempre pensar em primeiro lugar no emblema do Leão, pois diretoria muda, jogador muda, mas o Leão da Ilha do Retiro permanece. Falei isso antes, não para fugir da pergunta. Mas ninguém aqui é menor de idade. Ele optou por entrar na Justiça, falar o que falou, então não faz parte da alçada do futebol falar sobre esse atleta. Agora, ele se entenda com o departamento jurídico. Aqui existe uma democracia. Estamos abertos a conversas sempre, mas ele antes mesmo de conversar, resolveu fazer o que fez. Então, cada um assuma a consequência de seus atos.



Jean Patrick chegou ao Leão após boa temporada no Cuiabá - Foto: Anderson Stevens


"Ele (Jean Patrick) optou por entrar na Justiça, falar o que falou, então não faz parte da alçada do futebol falar sobre esse atleta. Agora, ele se entenda com o departamento jurídico. Aqui existe uma democracia. Estamos abertos a conversas sempre, mas ele antes mesmo de conversar, resolveu fazer o que fez. Então, cada um assuma a consequência de seus atos", analisa Lucas Drubscky, diretor-executivo do Sport.



Entrelinhas: Surgiu uma notícia nos jornais, sites jornais de Recife que Hernane Brocador teria seguido o mesmo caminho, pedindo rescisão contratutal. Isso é verdade?

Lucas Drubscky: Você, como jornalista, deve saber que está difícil ter audiência com esporte nesse momento, não é? Principalmente os veículos que não procuram saber a verdade antes de publicar os fatos. No início da segunda passagem de Hernane, eu já estava aqui. Ele é um cara muito inteligente, profissional, que no ano passado (como já te disse, também vivíamos um momento financeiro difícil), veio conversar sobre o assunto, abrimos o jogo com ele e todo o elenco. Eles acreditaram e subimos. É mentira essa história que o Hernane entrou na Justiça. E digo mais: iria me surpreender muito se agisse dessa forma, pois ele, sim, é transparente.


"É mentira essa história que o Hernane entrou na Justiça", afirma Drubscky. - Foto: Anderson Stevens/Sport

Entrelinhas: E a situação financeira dos jogadores que continuam. Como o Sport está resolvendo?

Lucas Drubscky: Então, o presidente também está tentando empréstimo nas redes bancárias, pois não temos mais renda e a torcida do Sport normalmente enche a Ilha, o número de sócios torcedores diminuindo, valor das cotas de televisão muito menores – e é o que sustenta mais de 90% dos clubes -, então é torcer para acabar a pandemia logo. Mas deixo bem claro, a saúde vem antes da economia. E o presidente está fazendo das tripas coração para conseguir recurso, mesmo nesse caos todo.

Entrelinhas: Com toda a situação caótica que o Sport vive, você acha mesmo que dá para se manter na Série A?

Lucas Drubscky: Aqui o trabalho é sério e transparente, com as coisas voltando ao normal, pode ter certeza de que o ambiente vai melhorar, tudo vai fluir e vamos inicialmente tentar nos manter, mas tenho certeza absoluta que vamos brigar por coisas maiores. O Sport é muito grande para ficar um campeonato inteiro brigando para não ser rebaixado.

Entrelinhas: O Sport passou por reuniões com a CBF, não é? Ficou definido se o formato do campeonato vai diminuir, devido ao fato de que já era para o Campeonato Brasileiro ter começado enquanto os estaduais, Copa do Nordeste, ainda não acabaram?

Lucas Drubscky: O Milton Bivar é quem participa das reuniões, mas acredito e torço para que se mantenham os pontos corridos com ida e volta, 38 jogos. Os clubes querem e a televisão também, mesmo que acabe em janeiro ou fevereiro do ano que vem. Torço porque se a cota da Globo já caiu, é capaz de reduzir ainda mais. Ela, enquanto empresa, comprou um produto para transmitir x jogos. Se forem menos, vai acabar pagando menos.

Entrelinhas: E sobre a volta aos treinos? Como está a situação por aí?

Lucas Drubscky: Aqui em Pernambuco está com tudo fechado até pelo menos o fim desse mês. E está certo, não é? Se a situação está complicada em termos de saúde, futebol é o de menos. E já estamos conversando com Daniel (Paulista, técnico do Sport). Teremos que nos reinventar até quanto a isso. Tem clubes como Grêmio e Inter que já começaram a treinar, estampam seus patrocínios para fotos e estão mantendo o condicionamento físico. Enfim, uns terão dez dias para treinar antes de jogar; outros terão quarenta. Vamos ter que nos adequar. Mas dizem que temos que tirar o lado bom de tudo. Estamos vendo os erros e os acertos dos clubes que estão treinando e já deixando o Centro de Treinamento com os protocolos certos para, assim que as autoridades de saúde derem o aval, a gente voltar.

Entrelinhas: Para terminar, você tem algum recado para deixar para a torcida do Sport?

Lucas Drubscky: Eles nunca nos abandonaram, então não vai ser agora na dificuldade. É a maior preciosidade do Sport. Para você ter uma ideia, nosso departamento de marketing, por meio das redes sociais, transmitiu o título brasileiro de 1987 e a Copa do Brasil de 2008, a audiência foi uma coisa fora do normal. Maior do que muitos públicos de outros times por aí. Peço que confiem no nosso trabalho e quando voltar, encham a Ilha do Retiro. Vai ser importante tanto na área esportiva quanto na financeira.

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