2020: bagunça no poleiro do Galo
- Olavo David
- 2 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de mai. de 2020
Enquanto decidirmos a temporada nos primórdios de janeiro e fevereiro, muitos técnicos ainda serão queimados.
É impressionante o que acontece com o futebol mineiro. Os rivais Atlético e Cruzeiro, que polarizaram entre si o Brasil no biênio 2013-14, começam a temporada 2020 num “flop” dos grandes. Exemplos claros de que para arrumar a casa são precisos anos e anos de planejamento e austeridade, mas, para bagunçá-la, bastam minutos. Uma única gestão é capaz de afundar todas as conquistas administrativas de um clube.
A facilidade com que se troca um pensamento, uma filosofia de trabalho é outro fator característico do futebol brasileiro que influi no momento de vacas magras na leiteira Minas Gerais. Recém-chegado, Rafael Dudamel não conseguiu apresentar resultados logo de cara na sua primeira experiência brasileira, e antes mesmo da semana santa engrossa as filas de desemprego em “Belzonte”.
Nenhuma torcida tem paciência. Isso é um fato. A inflamada massa atleticana, então, já queimou alguns ídolos por pura paixão. Não dá, porém, para gerir um time da grandeza do Galo tendo por termômetro as vaias passionais dos torcedores. Ainda mais quando, com uma ou duas semanas de preparação, um time formata o calendário para o restante do ano em três ou quatro competições distintas. Enquanto decidirmos a temporada nos primórdios de janeiro e fevereiro, muitos técnicos ainda serão queimados.
"Quem não rememora o “Cucabol”, termo pejorativo utilizado por parte da imprensa e da torcida alvinegra para o estilo de jogo “meio-galo-doido” do treinador, que vá pesquisar."
Não dá para aliviar a barra da diretoria atleticana só pela contratação do excelente Jorge Sampaoli. Tem tudo para voar, como voou com o medíocre Santos de 2019, mas a pose de Sérgio Sette Câmara com o argentino não exime o presidente do Galo da falta de confiança num planejamento traçado anda no final do ano passado, ou mesmo a falta daquela paciência que levou o Corinthians, por exemplo, a manter Tite no comando mesmo com uma eliminação vexatória na pré-Libertadores de 2011.
Cabe lembrar que o Cuca, que comandou o Atlético na conquista da Libertadores de 2013, foi contestado em diversos momentos, inclusive nas vitórias. Quem não rememora o “Cucabol”, termo pejorativo utilizado por boa parte da imprensa e da torcida alvinegra para o estilo de jogo “meio-galo-doido” do treinador, que vá pesquisar. E mostra muito que Sette Câmara deve imitar Kalil, primeiramente, na gestão, e só depois passar a copiar um dos maiores cartolas de Belo Horizonte nas redes sociais.
Comments